quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Condição Humana e Jesus de Nazaré

Não são os que têm saúde que precisam de médicos, mas sim os doentes /.../Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores. (Mateus 9:12,13). Quando Jesus partilha a mesa com publicanos e pecadores (Mt 9:10), ele está apresentando Deus como alguém que não se restringe aos sistemas religiosos, mas que caminha com pessoas, no quotidiano da vida. Jesus não define o que é o ser humano, mas esboça o que ele vê na condição humana. Nós, cristãos ocidentais, geralmente pensamos o ser humano, em nossa antropologia teológica, como ‘pecador’, sempre associado a questão moral. Sim, o ser humano é pecador. Mas Jesus traz outro viés de compreensão, uma condição humana doente. O ser humano é um ser doente. Não se trata simplesmente de uma doença física ou moral, mas uma doença da existência. A doença não é somente uma imperfeição, mas é a ausência de algo, é o organismo dizendo que algo está faltando, não está completo. Rubem Alves caracteriza o ser humano como um ser de desejo. É sempre um desejo, uma busca. O desejo é sempre a busca pelo que não se tem, é a angústia da ausência, um doente não tem saúde. Dostoievski, em seu livro Memórias do Subsolo diz o seguinte: “ Sou um homem doente...Um homem mau. Um homem desagradável. Creio que sofro do fígado. Aliás, não entendo da minha doença e não sei, ao certo, do que estou sofrendo” (2008, p.15). Talvez a condição humana é ‘pergunta’. Há sempre uma pergunta: Por quê? O quê? Para onde? De onde? Como? É conviver com o mistério, isso nos incomoda. A religião tenta sanar esse problema, muitos tentam encontrar respostas no consumismo, no entretenimento, na bebida, nas drogas, no sexo, num romance, num trabalho, enfim, é sempre uma busca, há sempre a tentativa de se completar. Jesus ironiza, “os que têm saúde não precisam de médicos.” “Não vim chamar justos, mas pecadores”. Quem tem saúde? Quem é justo? Jesus disse que veio chamar. É o chamar para caminhar Nele e com Ele. É a caminhada naquilo que se completará, uma condição humana semelhante a de Jesus, que se constrói a cada dia, uma construção que nunca para. Uma é a condição humana doente, incompleta em si mesma, que sempre se pergunta. Outra é a condição humana doente, incompleta em si mesma, que sempre se pergunta, mas que caminha na fé com e em Jesus. Uma caminhada que ama a vida apesar de suas inquietações, assim como Jesus, mesmo consciente da cruz e da morte, não deixou de viver, amar e ter esperança.

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