segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quem é o ladrão?

O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente ( Jo 10:10). Quem lê esse texto e interpreta-o apenas sob a perspectiva do senso comum chega a uma conclusão bem simplista: O ladrão é o Diabo. Mas, se a leitura for levada um pouco mais a sério, percebendo a quem Jesus dirige essas palavras, sobre quem ele está falando, não fica difícil compreender que não está se referindo ao Diabo. Para muitos, talvez isso seja uma decepção, afinal, gostam de falar do Diabo. Lamento, mas Jesus está apontando outro ladrão. Momentos antes, Ele havia curado um cego de nascença e isso provocara a ira, a inveja e a sagacidade de alguns fariseus. Para eles o cego era cego porque Deus o estava castigando, assim também pensavam os discípulos de Jesus (Jo 9:2). Os fariseus não admitiam a cura, pois Jesus era, segundo eles, um pecador que não guardava o Sábado. (Jo 9:16). A vida do cego, a alegria da cura, a visão restaurada nada significava para eles, pois a única coisa que importava era que o sistema do qual “zelavam” fosse mantido. Um sistema que conservava os ritos, os decretos, a tradição, o status religioso, a vaidade, as manipulações. A vida não importava tanto, ainda mais de um cego de nascença, que no imaginário popular, estava pagando algum pecado. Esse tipo de compreensão mata, rouba e destrói. Mata aos poucos, lentamente, cruelmente. Rouba a dignidade humana, pois não há o respeito pela dor, pelos sentimentos, pela história. Destrói a esperança, pois a visão é fatalista, não é possível mudar, é assim que tem que ser. Destroem os ânimos, a coragem, os sonhos. O ladrão é assim, o que importa é conseguir o que quer. Ainda bem que o texto não termina no ladrão, mas conclui com as palavras de Jesus: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” Jesus era o profeta da alegria de Deus (Juan Luis Segundo), amava a vida. Vida plena é uma vida livre, sem culpa, sem ódio, sem pavor, sem violência. Onde os sonhos são restaurados, o perdão é manifestado, a esperança renasce. Onde nenhum sistema religioso vale mais que a alegria de um cego que volta a enxergar. Bem, não importa muito o ladrão, sempre se manifestará. Acho que o drama do cego também não nos motiva muito. Talvez, de alguma forma, já fomos ladrões, já fomos cegos. O que importa é a vida plena em Jesus, é o novo olhar que ele nos dá para viver. Nem ladrões nem cegos, mas cheios de vida em Jesus.

3 comentários:

  1. Enquanto "todos" olham para o texto e enxergam o "ladrão" como sendo o maligno, seu texto faz uma leitura corretíssima da teologia joanina.
    Parabéns!

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  2. Esse ladrões podem ser 'presos' (libertos) em Jesus; e eu também faço minha parte, quando os percebo, mantenho distância, assim a vida me ensinou; O Apóstolo Paulo no capítulo 4 de II Timóteo,o alerta de um tal de Simão latoeiro, que havia feito muito mal a ele.
    O que cabe a nós devemos nos precaver, orar por aqueles que nos perseguem, e quando identificado, manter distância do ladrão. Parabéns Claudinei.

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  3. qdo eu crescer qro ser quinem meu pastor....Excelente texto, nos traz uma reflexão da interpretação genuína da palavra de Deus.Parabéns Pastor mais uma vez deu show, gosto dos seus textos.

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